Alexandre Matheus Macena das Neves, de 24 anos de idade, conhecido como “Neguinho”, principal acusado da barbárie que vitimou a professora aposentada Odete Chagas Penafort, de 75 anos, é parte ré em pelo menos dez processos na Justiça. A informação foi repassada no fim da manhã desta segunda-feira (24), pelo delegado Kleysson Fernandes, que fez parte da força tarefa montada para prender o criminoso.
“Estamos falando de um indivíduo contumaz na prática de crimes contra o patrimônio. Ele figura em dez ações penais no poder judiciário, em delitos de roubo e furto. É muito conhecido na cidade pela prática de crimes dessa natureza. No caso da senhora Odete, embora ele tenha negado a premeditação do fato, o mesmo conhecia toda a estrutura da casa, até porque fazia serviços de capina para a vítima”, contou Fernandes, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP).
Os detalhes
Em seu depoimento, o acusado revelou com riquezas de detalhes a dinâmica do crime. Frio e sem demonstrar arrependimento, Neguinho detalhou à polícia que no dia do fato se deslocou do centro até a residência da aposentada, a pé, com o intuito de subtrair os pertences da idosa, mas que a matou porque ela gritou ao se deparar com ele em seu quarto.
“O indiciado contou todos os passos, toda a sequência do crime. Segundo ele, o mesmo entrou na casa pulando o portão da frente, se dirigiu até o quintal, arrombou a grade e abriu a janela da cozinha, por onde entrou. A partir daí, ele começou a procurar objetos de valores na sala, na cozinha e, em seguida, entrou no quarto. Quando ele pegou a bolsa, a vítima que estava dormindo na rede acordou e, assustada, começou a gritar. Ele contou que, nessa hora, travou luta corporal com a mesma e apertou o pescoço dela até que esta desmaiasse. Depois, ele continuou separando o que queria, ela então acordou do desmaio e, nesse momento, ele praticou o abuso sexual. Depois, como ela pediu socorro, ele foi até a cozinha e pegou a faca e desferiu os golpes fatais”, narrou o titular da DECCP durante a coletiva cedida à imprensa.
Neguinho, segundo as investigações, entrou na casa da professora por volta das 2h39 e permaneceu lá por cerca de duas horas. Posteriormente, ele saiu do imóvel levando o telefone celular da vítima, a quantia de r$ 23, três frascos de perfumes e alguns cartões bancários.
Roubo a salão
Após estuprar, matar e roubar a professora Odete Penafort, Neguinho teria praticado um roubo a um salão de beleza, localizado no bairro Buritizal, na zona de Macapá.
O assalto, de acordo com informações, teria sido na tarde de sexta-feira (21).
O criminoso teria utilizado dos mesmos artifícios que usou para entrar na casa da idosa, a confiança da vítima.
“Mais uma vez ele se aproveitando da confiança adquirida de pessoas que o ajudavam servindo um café, um serviço de capina, pediu para usar o banheiro do estabelecimento e quando saiu, já veio com um simulacro de arma de fogo, anunciando o roubo. O interessante nesse caso, é que por também conhecer a vítima, ele chegou a pedir desculpas. Mas, levou pelo menos dois celulares do local. As vítimas, após a prisão dele, procuraram a unidade e fizeram o reconhecimento do mesmo, que confessou mais esse crime”, enfatizou o delegado Celso Pacheco, diretor da Coordenaria Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Ceccor).
Neguinho participou na tarde de hoje (24), da audiência de custódia. Ele foi autuado em flagrante pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) e estupro. O magistrado plantonista decidiu converter a prisão em flagrante, em prisão preventiva. Do fórum, ele seguirá para a Penitenciária, onde ficará até uma segunda ordem.
Sobre o assalto cometido no salão de beleza, a Polícia Civil (PC) instaurou um inquérito para apurar o caso.
Relembrando o caso
A professora Odete Penafort morava sozinha, na avenida Ana Nery, no bairro Laguinho, e foi achada morta pela sobrinha. A mulher encontrou o portão entre aberto, e a grade de trás da casa arrombada.
Os pertences da idosa estavam revirados e o corpo de bruços, em meio a uma poça de sangue, inclusive nas partes íntimas, dando indicativo que a mesma sofreu violência sexual. Ela também tinha ferimentos no rosto e cinco perfurações no pescoço.
Odete tinha sido vista pela última vez, por volta das 18h de quarta-feira (19). Um morador das proximidades contou que no início da manhã, quando estava saindo de casa, viu o portão semi aberto, mas acreditou que a professora estava por perto, na padaria.
Odete Penafort nasceu em um lar cristão. A idosa sempre teve muita atuação na igreja Assembleia de Deus do Avivamento. Ela trabalhou como tesoureira, secretária, foi professora da Escola Bíblica Dominical (EBD) e participou do coral, além de ter dado aula na Escola Estadual Barão do Rio Branco. Atualmente ela estava como secretária na Faculdade Fatchec.
A prisão
Neguinho foi capturado na tarde deste domingo (23), na região central de Macapá, graças a uma ação integrada entre as Delegacias Especializadas em Crimes Contra a Mulher e Patrimônio (DECCM e DECCP), da Coordenadoria de Inteligência e Operações (Ciop) da Sejusp e da Ceccor.
O trabalho de investigação teve o auxílio dos vizinhos da vítima, que cederam imagens das câmeras de segurança. As gravações foram de fundamental importância para se chegar à identidade do suspeito.
Após a prisão, Neguinho confessou o crime e levou os policiais até o local onde jogou a arma do crime, um lago atrás da residência da vítima. Depois de horas de buscas, a faca tipo peixeira foi encontrada.
Ameaça
Em buscas feitas aos bancos de dados da Justiça, a polícia encontrou um Boletim de Ocorrência (BO) onde Neguinho ameaçou de morte a ex-companheira, atualmente grávida de 6 meses.
Objetos roubados
Durante o interrogatório, Neguinho revelou que usou o valor levado de Odete para comprar lanche e vendeu o celular para um motoqueiro, por r$ 80.
“Estamos trabalhando nesse sentido, de localizar o celular da professora. E faço aqui um alerta a quem comprou esse aparelho, é melhor a pessoa se apresentar à polícia, porque de um jeito ou de outro, nós vamos chegar até ela. Não pensem que o trabalho se encerra com a prisão deste indivíduo. A polícia só vai parar quando chegar ao receptador”, assegurou o diretor da Ceccor.