
O fundo de pensão dos servidores públicos do Estado do Amapá (Amprev) aplicou R$ 400 milhões em letras financeiras do Banco Master em meados do ano passado. A compra se deu próximo da data em que gerentes da Caixa Asset, gestora do banco público, perderam o cargo depois de barrar um investimento do mesmo tipo, por considerar a operação muito arriscada para a carteira. O caso virou alvo de uma apuração no Tribunal de Contas da União (TCU).
Diferentemente dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), as letras financeiras não têm proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e podem gerar perdas ao investidor se a instituição emissora passar por dificuldades. Por isso, a recomendação é de que entidades de previdência estatais, responsáveis por pagar aposentadorias e pensões de servidores com recursos públicos, avaliem com cuidado os investimentos nesses títulos.
A capacidade do Master em honrar os compromissos com investidores é um dos temas que estão na mesa de discussão no processo de negociação da venda de 58% do grupo acertada com o Banco de Brasília (BRB), anunciada no fim de março. De acordo com o balanço de 2024, o Master somava cerca de R$ 2 bilhões em letras financeiras.
No fundo do Amapá, o valor investido no Banco Master representa cerca de 5% do total dos recursos da entidade, de R$ 8 bilhões. O instituto conta com cerca de 30 mil beneficiários. O aporte só fica atrás da soma investida pelo instituto de previdência do Estado do Rio (Rioprevidência) no banco, de quase R$ 1 bilhão. A operação do Rio também deu origem a uma auditoria por parte do Tribunal de Contas do Estado.
A Amprev começou a fazer os investimentos em 15 de julho, três dias após a publicação da reportagem de O Globo revelar que os gerentes da Caixa Asset tinham perdido os cargos por causa da avaliação do banco. Os aportes seguiram até o fim do mês. Foram três aplicações, em títulos com prazo de 10 anos.
No meio do caminho, gestores do Amprev questionaram se o episódio da gestora da Caixa poderia suscitar algum problema para a entidade. Em reunião do comitê de investimentos, indicaram um potencial aumento de riscos e impactos para a reputação do instituto, além de levantarem dúvidas sobre a concentração dos títulos comprados pelo Amapá no total de letras emitidas pelo Master.

O diretor-presidente da Amprev, Jocélio Lemos, convocou reunião extraordinária para a próxima quarta-feira (16) para esclarecer os investimentos da instituição no Banco Master.
Fonte: Estado de São Paulo





